PEDRO
CANDOLO (in memorian),que trabalhava como torneiro mecânico,
tinha um acervo em sua oficina. O maior fóssil mede 70 cm, pesa
30 kg e foi descoberto em setembro de 1998. É um úmero (osso único
do esqueleto de cada braço) de um Tytanossauro, espécie que viveu
nessa região. Ele deveria pesar, segundo o estudioso, 16 toneladas.
Todos os ossos foram encontrados na Vila Ventura. Têm consistência
de ped, mas conservam a forma original, inclusive o encaixe de vértebras.
Vila Ventura localiza-se na zona rural de Uchoa e é repleta de grotas
e cachoeiras. As grotas são vales profundos, antigos, formados pelas
águas das cheias das regiões marginais. Há cerca de dois anos, Pedro
Candolo recebeu um visita inusitada: a do paleontologista Luiz Dino
Vizotto, ex-secretario de Meio Ambiente de Rio Preto e professor
aposentado de Universidade Estadual Paulista (Unesp), que identificou
alguns fósseis. “È interessante uma pessoa sem conhecimentos vastos
sobre fósseis dar tamanha importância a esses achados”, disse Vizotto
à época.
Fonte Diário da Região Sábado, 10
de novembro de 2001.
UM PESQUISADOR NATO
Uma expedição amadora comandada
por um torneiro mecânico de 80 anos descobriu, em Uchoa, quatro
peças
fossilizadas de dinossauros com mais de 65 milhões de anos. A maior
delas mede 70 centímetros e pesa 30 quilos. Todas elas foram
achadas na Vila Ventura. Pedro Candolo, o torneiro mecânico de Uchoa,
é capaz de fazer expedições deste tipo. E são descobertas importantes.
A maior peça encontrada é um úmero (osso do braço) de um Tytanossauru,
espécie que viveu na região de Rio Preto. Ele deveria pesar 16 toneladas,
o equivalente a três elefantes. Esta descoberta aconteceu em Setembro
de 98 e só foi revelada agora depois que o paleontologista LUIZ
DINO VIZOTTO, professor aposentado da Unesp, identificou e datou
as peças.
As outras peças são um grande fragmento do ilíaco (osso do quadril),
uma porção distal do fêmur e uma tíbia. Há 52 anos o Sr. Pedro garimpava
ossos em riachos e expunha numa mesa improvisada num canto da oficina
mecânica de sua propriedade. Além das quatro peças, ainda há fragmentos
significativos de vértebra e um único osso de tartaruga.
O gosto pelas descobertas cativou seu irmão Gaspar e os amigos,
Pedro Gallo(in memorian), Roberto de Brito, Vasco Bertelli e Luiz
Galbiatti. Formaram então uma equipe de pesquisas, e partiram então
para o sítio de Galbiatti que é um manancial de fragmentos
ósseos. Os fósseis estão como a consistência de pedra, mas conservam
a forma original, inclusive os encaixes de vértebras. Há uma substituição
da matéria orgânica pela inorgânica, principalmente quando a peça
cai em áreas com água - diz Vizotto. Em dias programados, os seis
amigos se armam de talhadeiras, picaretas, cordas e marretas para
retirar de pedras os ossos de animais pré-históricos.
Os ossos são achados em grotas. "A gente vai seguindo a trilha
e de repente, descobrimos pequenas cachoeiras". É mesmo uma
aventura, disse o vendedor autônomo Brito. As pecas mais interessantes
foram encontradas nos últimos três anos na divisa com o município
de Ibirá. Os irmãos Candolo estudaram até o quarto ano primário.
"A gente tem pouco estudo, mas lê bastante a respeito de dinossauros",
explicou Gaspar.
EMPENHO
DO GRUPO SURPREENDE PROFESSOR
Além do interesse histórico
e científico das peças, o professor LUIZ DINO VIZOTTO,
se surpreende com o empenho do grupo de Uchoa, principalmente de
Pedro Candolo, que há mais de meio século vive à cata de ossos que
contam a evolução das espécies.
É interessante uma pessoa sem conhecimentos vastos sobre fósseis
dar tamanha importância a esses achados. É com alegria que ele recolhe
coisas que nem sabe o que é cientificamente e qual sua importância,
"diz Vizotto".
O
professor Vizotto, tem mais de cem trabalhos de pesquisas em zoologia,
paleontologia e ecologia e calcula que essas peças têm condições
de formar um museu. Os Tytanossaurus viveram na região de
Rio Preto. Os professores Dino Vizotto e Fahad Moysés Arid, ambos
do Ibilce/Unesp, mapearam a sucessão de lagos na região e identificaram
seus habitantes há 165 milhões de anos. As
regiões de Rio Preto, Ibirá e Uchoa foram habitat de dinossauros.
O Baurusuchus, jacaré pré-histórico, viveu na região de Jales, que
tem achados interessantes dessa espécime. As tartarugas preferiram
as regiões de Ilha Solteira e Presidente Prudente.
O úmero encontrado pela turma de Candolo supõe que seu dono tivesse
16 metros de comprimento e 7 metros de altura.
Os dinossauros viveram na Terra durante 175 milhões de anos e se
extinguiram há mais de 65 milhões de anos.
Seu desaparecimento da face da terra é enigmático. Várias teorias
tentam explicar por hipóteses. Há quatro mais aceitas.
Uma delas fala que um choque de meteoros com a Terra teria provocado
o efeito de uma bomba atômica. Uma grande nuvem de poeira encheu
o ar e matou a vegetação. Os dinossauros, sem alimentos, definharam.
As tartarugas, pelo contrário, resistiram ao tempo. Pelos cálculos
científicos, a espécie tem 300 milhões de anos.
No acervo de Pedro Candolo e sua equipe, em Uchoa, há um plastrão
de tartaruga, que seria um osso do tórax, encontrado em uma de suas
expedições. De todas as espécies, a barata ganha em idade. Tem 320
milhões de anos, segundo o professor Vizotto.
DESVENDANDO
A PRÉ-HISTÓRIA DA REGIÃO
Quando Pedro Candolo,
achou pedaços de costela de um "Esteratossauro", 60
anos atrás, não sabia do se tratava e nem imaginava que estava dando
o primeiro passo para a criação do Museu Uchoense de Paleontologia
e Antiguidades, hoje já com considerável acervo de achados pré-históricos,
modestamente acomodados sobre uma mesa em sua oficina.
Naquela época nascia em Pedro Candolo uma paixão que
o acompanharia até sua morte, quando vivia seus vigorosos 80 anos
com o mesmo entusiasmo de quando tomou conhecimento da importância
de seu achado, há mais de meio século.
Em um país que pouco investe em pesquisa desse gênero, o que incentiva
a busca por novas descobertas, é a apenas a paixão nata de
pesquisador, não importando se estas trazem em seus currículos uma
grande quantidade de diplomas, expedidos por renomadas universidades,
ou se apenas o desejo de contribuir para a construção do elo de
ligação presente, onde o homem desvenda mistérios no planeta vermelho,
com um passado de milhões de anos.
ENTUSIASMO
CRESCE E AUMENTA O GRUPO DE PESQUISA
As pesquisas foram
sendo feitas por Pedro Candolo, solitariamente, quando ele
se embrenhava nos vales e "grotas", da região e, ao mesmo
temo em que fazia suas descobertas, ia tomando conhecimento de algumas
outras descobertas feitas por moradores da redondeza, e seu entusiasmo
acabou por contagiar outros amigos, começado por seu irmão Gaspar
Candolo, que via com certa preocupação o irmão se embrenhar
por locais inóspitos, se sujeitando a ser vitimado por algum
acidente e ficar precisando de socorro em algum buraco, ou grota
por onde se aventurava.
Foi aí então que nasceu o grupo hoje composto pelos irmãos PEDRO
E GASPAR CANDOLO, ROBERTO DE BRITO, PEDRO WALDEMAR GALLO, VASCO
BERTELLI E LUIZ GALBIATTI, e assim as incursões foram ficando
mais arrojadas e pesquisados novos locais, surgindo então fragmentos
de ossos e peças com peso de 30 a 40 quilos, e aos poucos foram
sendo identificadas testemunhando a presença remota de DINOSSAUROS
em nossa região.
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Foto de ossos encontrados pelos pesquisadores... |
EXISTÊNCIA DE VULCÕES
É RESSALTADA
O paleontólogo catanduvense
Pascoal Turatto visitou os pesquisadores uchoenses, oportunidade
em que doou aos irmãos Candolo a ferramenta que , durante 50 anos,
usou em suas escavações, interrompidas devido à perda progressiva
de sua visão, quando afirmou que a região é cretácea do Período
Quaternário, e que a incidência de limonita em cidades como UCHOA,
IBIRÁ, CATANDUVA E VILA ROBERTO, serve para confirmar a
existência de vulcões em épocas remotas.
Para o paleontólogo, os achados na região de Vila Ventura são produto
de um um Sítio Arqueológico natural, onde não existe escavações,
o que impossibilita uma forma metódica, organizada dos achados,
e os ossos são colocados praticamente à mostra em quedas d'água,
afirmando que uma procura mais detalhada no local com certeza colocaria
à mostra outros tipos de dinossauros, possivelmente rocodilianos,
carapaças de tartarugas e até peixes da Pré História.
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Equipe
de Pesquisadores
Em pé: Pedro Candolo,
Gaspar Candolo, Pedro Waldemar Gallo.
Agachados: Vasco
Bertelli, Roberto de Brito e Luis Galbiatti.
Assista
video |
TYRANOSSAURO
REX DEIXA PROVAS DE SUA EXISTÊNCIA NA REGIÃO
Há cerca de 5 anos, um
sitiante amigo dos irmãos Candolo achou em sua propriedade um fragmento
de cerca de 30 quilos do que teria sido o fêmur de um Tyranossauro
Rex, um dos maiores e mais violentos carnívoros da pré-história,
descrevendo aos irmãos que, na verdade eram dois pedaços, talvez
do mesmo fêmur, tendo um deles sido deixado à beira de uma pequena
represa e, na ocorrência de enchente na época, foi levado pelas
águas e acabou perdido novamente.
O fragmento restante foi emprestado aos irmãos Candolo para ser
exposto junto ao acervo que está em formação, na oficina de Pedro,
e na opinião do paleontólogo Pascoal Turatto, em paleontologia o
que é importante é o crânio, através do qual é feita a classificação
dos fósseis encontrados, acreditando que a descoberta de um crânio
na região em questão valorizaria em muito as demais descobertas.
ACHADOS
RECENTES SUGEREM A IMPORTÂNCIA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO
O achado de pedaços do
fêmur do Tyranossauro Rex foi seguido de novas descobertas de fósseis,
dentre eles fragmentos da "calota" de crânio e pedaço
de costela de 80 centímetros e cerda de 40 quilos, do que poderia
ter sido um Titanossauro ou Antartossauro, este último pesando 30
toneladas e com 25 metros de "tamanho", sugerindo que
a região possa ser depositária de abundante e rico testemunho da
Pré-história.
Pedro Candolo se entusiasma quando fala do desejo de fundar
o Museu Uchoense de Paleontologia e Antiguidades para que o achado
pré-histórico do grupo possa ser legado à posteridade, deixando
na história o registro da participação de UCHOA na
construção do elo de ligação com o passado da humanidade.
A falta de investimento e de incentivo não desestimula o grupo,
pelo contrário, aviva-lhe o espírito de aventura, que age como mola
propulsora, combustível que abastece o desejo de desvendar os mistérios
que envolvem a existência de criaturas que despertam tanto temor
quanto fascínio.
(Fonte:- Diario da Região-Junho/99) |